Se você vive em Irecê, sabe o quão dramática a situação se tornou: atropelamentos, animais desamparados e, sim, casos de ataque que geram medo e manchetes. A resposta da prefeitura, prometida há tempo e recentemente renovada, foi a promessa de um “Centro de Proteção Animal”, um prédio lindo, com espaço de atendimento para animais, com carros de resgate e várias baias de pós-operatório.
A ideia parece nobre, mas eu, que dedico meu tempo a estudar a proteção animal e a sustentabilidade, digo com a experiência de quem viu esse filme se repetir em várias cidades: essa estrutura, no contexto atual, é uma armadilha cara e ineficaz.
Não me entenda mal. Carros e baias são necessários, mas eles são o fim de uma política, não o começo.
Neste artigo, quero compartilhar por que a verdadeira solução para o abandono em Irecê passa longe de tijolos e concreto, e por que precisamos começar pelo básico – a lei e o cadastro – para que o dinheiro público seja usado de forma sustentável e justa.
O Risco Imediato: O Centro que Vira Descarte
O que a experiência nos mostra? Um espaço centralizado com visibilidade pública, mesmo que chamado de “Centro de Proteção”, inevitavelmente se torna um ponto de descarte e abandono.
Ao investir milhões em baias e viaturas sem ter uma lei e um sistema de cadastro em vigor, o município cria:
- A Atração Fatal: Pessoas que querem se livrar dos seus animais, ou até mesmo tutores de municípios vizinhos sem política animal, terão um lugar oficial para “largar” o problema. Os carros de resgate, sem um plano de castração por trás, se tornam apenas veículos de transporte do abandono.
- O Efeito Vazio: Por mais animais resgatados e colocados no centro, o abandono e o ciclo reprodutivo continuam nas ruas. Em pouco tempo, o espaço estará lotado, sobrecarregado, e a situação nas vias públicas terá mudado muito pouco.
- Gasto Injustificado: Os recursos que serão imobilizados na construção e manutenção desse prédio poderiam estar sendo injetados na raiz do problema – o único lugar onde a verdadeira mudança acontece.
Em resumo, focar no prédio é buscar visibilidade de curto prazo, mas ignorar a efetividade e a justiça social que a causa animal exige.
A Estratégia que Funciona: O Caminho da Efetividade e Sustentabilidade
Se você vive em Irecê, sabe o quão dramática a situação se tornou: atropelamentos, animais desamparados e, sim, casos de ataque que geram medo e manchetes. A resposta da prefeitura, divulgada com pompa, foi a promessa de um “Centro de Proteção Animal”, um prédio bonito, grande com carros de resgate e várias baias de pós-operatório.
A ideia parece nobre, mas eu, que dedico meu tempo a estudar a proteção animal e a sustentabilidade, digo com a experiência de quem viu esse filme se repetir em várias cidades: essa estrutura, no contexto atual, é uma armadilha cara e ineficaz.
Não me entenda mal. Carros, prédio e baias são necessários, mas eles são o fim de uma política, não o começo.
Neste artigo, quero compartilhar por que a verdadeira solução para o abandono em Irecê passa longe de tijolos e concreto, e por que precisamos começar pelo básico – a lei e o cadastro – para que o dinheiro público seja usado de forma sustentável e justa.
A Solução Já Foi Apresentada ao Executivo
É importante frisar: a crise que vivemos não é surpresa, e a solução estrutural não é desconhecida pela gestão municipal.
Em agosto de 2024, no lançamento do Elo Animal da Rede Sustentabilidade em Irecê, um Plano de Governo Estrutural foi formalmente entregue ao então candidato a Prefeito, Murilo Franca. Esse documento detalhava exatamente o caminho que estamos defendendo: a urgência de instituir o Manejo Populacional Ético, o Cadastro de todos os cães e gatos com microchipagem, a integração dos dados com o cadastro familiar das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e o credenciamento de clínicas veterinárias.
Em outras palavras, a prefeitura já tinha em mãos a proposta completa que foca na inteligência e na raiz do problema. É por isso que o anúncio do “Centro de Resgate” nos preocupa tanto: ele ignora o conhecimento técnico e a experiência que já foram compartilhados.
O Risco Imediato: O Centro que Vira Descarte
O que a experiência nos mostra? Um espaço centralizado com visibilidade pública, mesmo que chamado de “Centro de Proteção”, inevitavelmente se torna um ponto de descarte e abandono.
Ao investir milhões em baias e viaturas sem ter uma lei e um sistema de cadastro em vigor, o município cria:
- A Atração Fatal: Pessoas que querem se livrar dos seus animais, ou até mesmo tutores de municípios vizinhos sem política animal, terão um lugar oficial para “largar” o problema. Os carros de resgate, sem um plano de castração por trás, se tornam apenas veículos de transporte do abandono.
- O Efeito Vazio: Por mais animais resgatados e colocados no centro, o abandono e o ciclo reprodutivo continuam nas ruas. Em pouco tempo, o espaço estará lotado, sobrecarregado, e a situação nas vias públicas terá mudado muito pouco.
- Gasto Injustificado: Os recursos que serão imobilizados na construção e manutenção desse prédio poderiam estar sendo injetados na raiz do problema – o único lugar onde a verdadeira mudança acontece.
Em resumo, focar no prédio é buscar visibilidade midiática de curto prazo, mas ignorar a efetividade e a justiça social que a causa animal exige.
A Estratégia que Funciona: O Caminho da Efetividade e Sustentabilidade
Para resolver a crise atual (atropelamentos, ataques, superpopulação) de forma sustentável, precisamos inverter a ordem de prioridades. Não precisamos de um prédio para começar a dar resultados; precisamos de um sistema inteligente.
O caminho é baseado em três pilares, alinhados com o ProPatinhas (Programa Nacional de Manejo Populacional Ético de Cães e Gatos) e as diretrizes de sustentabilidade:
1. Os Dados: O RG Animal e o Fim do “Achismo”
Pergunte-se: Por que não começamos a emitir o RG Animal (SinPatinhas) hoje, conforme o plano que já foi entregue?
O passo mais urgente e de baixo custo é a criação do banco de dados municipal. O RG Animal (ou cadastro) é a nossa bússola, a nossa ferramenta de inteligência:
- Castração Focada: Com os dados em mãos, não fazemos castração “a esmo”. Podemos ir diretamente aos pontos cruciais: animais de rua e animais de tutores de baixa renda, que não têm condições de arcar com a cirurgia. Não podemos desperdiçar recursos públicos castrando animais de pessoas que podem pagar!
- Identificação de Foco: Sabemos exatamente quais bairros, ou até mesmo quais famílias, precisam de mais apoio educacional e reprodutivo, otimizando cada centavo do recurso. Essa precisão é o que o plano original de integração com as UBS e o uso de microchipagem buscava.
- Alinhamento Federal: O município adere de fato ao programa nacional sem precisar de um prédio, garantindo que as ações futuras serão integradas e eficientes.
2. A Lei: Criar a Base da Responsabilidade
Sem lei, a política é temporal e depende da boa vontade do gestor da vez. A Lei Municipal de Proteção Animal é o que garante a perenidade das ações e a Justiça Animal:
- Regulamentação: Estabelece a obrigatoriedade do cadastro e do RG Animal, conforme o SinPatinhas, transformando o dado em política pública.
- Punição e Financiamento: Define o que são maus-tratos e abandono, permitindo a aplicação de multas. Mais importante: as multas devem ser destinadas diretamente ao Fundo Municipal de Proteção Animal, criando uma fonte de receita perene para custear as castrações e o apoio aos animais.
3. A Ação Inteligente: Amparo e Parceria com Quem Já Faz
Ao invés de criar uma estrutura paralela e competir por recursos, o dinheiro público deve ser usado para dar amparo e dignidade a quem já faz o trabalho:
- Apoio a Protetores e ONGs: Os protetores independentes e as ONGs são o verdadeiro “Centro de Proteção Animal” de Irecê hoje. O município deve formalizar uma Política de Amparo e Acolhimento, garantindo prioridade no acesso à castração, apoio veterinário e, quando possível, subsídios para o trabalho de resgate e reabilitação que já é feito com sacrifício. O plano original já previa o aproveitamento da capacidade de protetores e credenciamento de clínicas para desafogar o serviço público, uma estratégia muito mais eficaz que um novo prédio.
- Saúde Pública: O problema de atropelamento e ataques nas ruas é uma falha de saúde pública e segurança, não de “resgate”. A solução é o controle populacional e a responsabilidade, não a coleta emergencial.
O Chamado à Efetividade: Deixe o Prédio por Último
Eu reafirmo: o nosso futuro não é um galpão de baias, mas sim um sistema robusto de leis, dados e responsabilidade social.
O dinheiro público para o resgate e o pós-operatório (os carros e as baias) só será eficiente e sustentável se for o último passo, após termos:
- Lançado o RG Animal (cujo plano já foi entregue).
- Criado a Lei Municipal e o Fundo.
- Mapeado e priorizado a castração de baixa renda e animais de rua.
- Instituído a política de Amparo e credenciamento para protetores.
A prefeitura de Irecê tem a chance de liderar uma política animal moderna na região. Mas isso exige coragem para trocar a foto de inauguração do prédio por um trabalho de base discreto, mas de resultado duradouro. É hora de cobrar: se a prefeitura já conhece o plano estrutural, por que ainda não priorizou o RG Animal e o Plano de Castração Focada?
ASSINE A PETIÇÃO PELA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA DE PROTEÇÃO ANIMAL EM IRECÊ
