Taxa de Juros e a Ilusão do Combate à Inflação Uma Perspectiva Sustentável

Inflação e Sustentabilidade: Questões Cruciais para o Brasil

Tenho refletido bastante sobre a inflação e as medidas tradicionalmente adotadas para combatê-la, especialmente aqui no Brasil. E quanto mais eu penso, mais me convenço de que a elevação da taxa de juros, tida como principal ferramenta, é uma ilusão. Uma solução paliativa que mascara problemas estruturais mais profundos, agravando a situação a longo prazo.

A lógica por trás do aumento da taxa de juros parece simples: crédito mais caro, desestímulo ao consumo e, consequentemente, contenção da alta dos preços. A realidade, porém, nos mostra uma estagnação da indústria e do empreendedorismo, asfixiando a economia real e transferindo renda para bancos e especuladores. Como podemos falar em desenvolvimento econômico sustentável quando asfixiamos a produção e premiamos a especulação financeira?

A fragilidade da nossa indústria fica evidente quando observamos a dependência de importações em setores essenciais, como saúde e agricultura. Importar itens básicos, como clipes de papel, ilustra bem essa dependência. Aumentar a taxa de juros, nesse contexto, só piora as coisas, encarecendo o crédito para empresas que poderiam investir em inovação, produção local e geração de empregos. Em vez de fortalecer nossa economia, aumentamos a dependência do mercado externo, tornando-nos vulneráveis a choques e flutuações cambiais.

O exemplo do pão ajuda a entender a ineficácia dessa medida. Seus principais componentes – trigo (muitas vezes importado), energia, mão de obra e aluguel – não sofrem impacto direto da taxa de juros. Aliás, o aumento dos juros pode até encarecer o pão, elevando o dólar e o custo dos insumos importados. A medida que deveria controlar a inflação, paradoxalmente, contribui para ela.

Do ponto de vista da sustentabilidade econômica e social, essa política é um desastre. Economicamente, inibe o crescimento, a inovação e a diversificação produtiva, nos mantendo em um modelo dependente e frágil. Socialmente, aprofunda desigualdades, concentrando renda e dificultando o acesso ao crédito para pequenas e médias empresas, grandes geradoras de empregos e promotoras de desenvolvimento local.

Precisamos questionar esse modelo e buscar alternativas mais sustentáveis. Em vez de sufocar a economia com juros altos, por que não investir em políticas industriais que fortaleçam a produção nacional, gerem empregos de qualidade e reduzam nossa dependência externa? Por que não priorizar investimentos em educação, tecnologia e inovação, os verdadeiros motores do desenvolvimento sustentável?

É necessário um debate sério sobre o papel da política monetária e sua relação com a sustentabilidade. Não podemos continuar sacrificando o futuro do país em nome de medidas paliativas que só beneficiam uma pequena parcela da população. É hora de repensarmos nossas prioridades e construirmos um modelo econômico verdadeiramente sustentável e socialmente justo.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *